O Perfume no Casaco: Mistério, Memória e Desaparecimento

O Perfume no Casaco: Mistério, Memória e Desaparecimento

O Perfume no Casaco: Mistério, Memória e Desaparecimento

O vento frio atravessava a janela entreaberta enquanto o investigador Mauro Fernandes observava, mais uma vez, os pertences da desaparecida. A mesa estreita do laboratório de evidências parecia guardar mais perguntas do que provas, como se cada objeto carregasse uma história que ninguém ainda conseguira decifrar. Entre cartas incompletas, um porta-retratos sem fotografia e uma chave sem fechadura, havia algo que prendia a atenção dele de maneira obsessiva: um pequeno lenço de tecido fino, impregnado com um perfume que ele conhecia bem demais.

O cheiro era floral, íntimo, quente, e parecia atravessar o tempo. Mauro sentiu um arrepio involuntário. A fragrância era a mesma que a mulher que o deixou anos atrás costumava usar. Lembrava-se de como o aroma ficava no casaco dele sempre que ela o abraçava, como se o tecido se recusasse a esquecer o toque dela. Agora, anos depois, ali estava aquele cheiro novamente, vindo de um objeto de uma desconhecida desaparecida. Ou, ao menos, alguém que ele acreditava não conhecer.

Mauro aproximou o lenço do nariz, hesitando como se o gesto fosse um pecado, ou uma armadilha. As memórias vieram como lâminas suaves: o barulho da chuva, o café esquecido na mesa, a risada breve, o tchau repentino sem explicações. Ela simplesmente partiu. Não houve motivo, não houve despedida, apenas ausência. Desde então, o perfume ficou marcado como um silêncio que volta sem aviso.

Mas agora, aquele perfume fazia parte de uma investigação real. A mulher desaparecida não tinha registro de parentes próximos, amigos próximos ou relações claras. Nada que explicasse quem era ou por que sumiu. Apenas um registro de aluguel recente, algumas roupas e o misterioso lenço guardado no bolso interno do casaco. Talvez fosse só uma coincidência… mas nada naquele cheiro parecia casual.

Determinado a não se deixar levar por memórias, Mauro começou a traçar conexões objetivas. Solicitou amostras da fragrância, cruzou informações com lojas especializadas e perfumarias exclusivas. Logo, descobriu que o perfume não era comum: uma edição limitada, vendida apenas em poucas unidades anos atrás. Uma das poucas compradoras registradas… era ela. A mulher que o deixou. E agora havia alguém desaparecida usando o mesmo aroma.

Seria possível que uma desaparecida e seu antigo amor estivessem conectadas? O passado poderia estar retornando de forma mascarada? Ou alguém estaria usando aquele perfume propositalmente, com algum tipo de intenção obscura? O investigador iniciou uma busca mais profunda, não apenas pela mulher desaparecida, mas pela verdade soterrada por memórias e mistérios.

As próximas horas o levaram a telefones desligados, registros sem respostas e fragmentos que mais confundiam do que esclareciam. Porém, ao final de um dia exaustivo, um envelope surgiu em sua mesa. Sem remetente, sem selo de origem. Apenas seu nome, escrito à mão com letra familiar. Dentro, havia uma única mensagem: “Nem todo desaparecimento é fuga. Às vezes, é proteção.”

O perfume parecia mais intenso agora, como se ecoasse uma explicação que ainda não se revelava totalmente. Mauro sentiu que a verdade estava perto, mas envolta em sombras que talvez exigissem mais do que apenas investigação… talvez ele precisasse enfrentar aquilo que tentou esquecer.

“Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.”

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