A Força da Natureza e o Desafio da Reconstrução
Tornado em Rio Bonito do Iguaçu
Na tarde de 7 de novembro de 2025, o município de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do estado do Paraná (região Sul do Brasil), foi devastado por um fenômeno meteorológico raro e extremamente violento: um tornado com intensidade preliminar classificada como F2 ou F3 na Escala Fujita. A seguir, um panorama sobre como tais fenômenos se formam, o que exatamente aconteceu na cidade, quais foram as consequências imediatas e que lições podemos extrair.
O que é um tornado
Um tornado é uma coluna de ar em rotação violenta que se estende de uma nuvem cumulonimbus (ou supercélula) até o solo, produzindo ventos extremamente intensos e concentrados.
Na escala Fujita (ou sua versão aprimorada, EF), a classificação varia de F0/EF0 (os mais leves) até F5/EF5 (os mais devastadores). No caso de F2, falamos de ventos entre cerca de 180 km/h e 250 km/h e danos já severos; para F3, os ventos superam essa faixa e os danos são bem mais intensos.
No Brasil, tornados não são tão comuns como em regiões como os Estados Unidos, porém podem ocorrer, especialmente no Sul, quando há combinação de ar quente e úmido, frente fria, cisalhamento de vento e instabilidade severa.
Formação do tornado em Rio Bonito do Iguaçu
Segundo o instituto meteorológico local Simepar, o tornado resultou de uma supercélula que se formou em frente a uma frente fria que avançava pelo Paraná. A instabilidade, associada ao ar quente e úmido da atmosfera inferior e ao cisalhamento vertical dos ventos, permitiu que a circulação girasse e chegasse ao solo.
O município foi atingido no final da tarde, por volta das 17h30/18h00 (horário de Brasília), com duração curta no funil mais intenso, mas com efeitos devastadores.
Segundo análise preliminar, o tornado foi classificado como F2 (180-250 km/h) mas já há indícios de que em alguns pontos a velocidade dos ventos tenha ultrapassado os 250 km/h, o que corresponderia a um F3.

O que aconteceu em Rio Bonito do Iguaçu
O impacto foi avassalador. Cerca de 90% da área urbana da cidade sofreu algum tipo de dano estrutural, segundo as autoridades locais. Em números:
- Várias casas de alvenaria colapsaram ou ficaram seriamente comprometidas; árvores foram arrancadas, postes de energia e torres de alta tensão destruídas.
- Veículos tombaram, telhados voaram, supermercado e outros estabelecimentos sofreram danos.
- A rede elétrica ficou severamente comprometida mais da metade da cidade ficou sem energia.
- Foram registradas ao menos 5 a 6 mortes confirmadas no município, além de centenas de feridos números variam conforme relatório.
- Escolas estaduais tiveram infraestrutura danificada e a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi suspensa no município devido aos danos.
- Municípios vizinhos também foram afetados por ventos fortes, quedas de energia e destruição parcial.
Consequências imediatas e mobilização
O governo estadual e federal declararam estado de calamidade pública para dar celeridade à resposta e à reconstrução. Uma força-tarefa formada pela Defesa Civil, bombeiros, equipes de saúde, engenharia e logística foi ativada para socorrer pessoas, remover escombros, restabelecer serviços essenciais e avaliar os danos.
No setor de saúde, centenas de atendimentos foram registrados nos primeiros dias após o tornado.
No âmbito social, muitas famílias ficaram desalojadas ou desabrigadas e precisaram de abrigo, cobertores, água, alimentos e apoio emergencial.
Lições e reflexões
- A destruição mostra que, mesmo em regiões com baixa frequência de tornados extremos, o risco existe e a vulnerabilidade das construções pode agravar o impacto.
- Há necessidade de sistemas de alerta eficientes e de educação sobre o que fazer em caso de tornados (abrigo em local seguro, evitar janelas, etc.).
- A reconstrução da cidade aponta para repensar normas de construção e infraestrutura casas que suportam ventos intensos, rede elétrica mais resistente, mitigação de riscos em áreas vulneráveis.
- O fenômeno reforça a importância de monitoramento meteorológico, pesquisa em tornadogênese no Brasil e planos municipais de contingência para eventos climáticos extremos.
- A solidariedade e cooperação entre governo, sociedade civil e voluntários são essenciais em sitações de emergência tão graves.
Considerações finais
O tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu deixou um rastro de destruição que poucos esperavam mais de 80% da cidade danificada, mortes, feridos, casas destruídas, infraestrutura comprometida. Mas também mostrou a resiliência da comunidade e a capacidade de mobilização rápida. O desafio agora é cuidar das vítimas, reconstruir com segurança e aprender para que eventos semelhantes causem menos danos no futuro.
Fenômenos como esse servem de alerta: em poucas dezenas de segundos, a força da natureza pode mudar tudo. Estar preparado, manter atenção aos alertas meteorológicos e fortalecer a infraestrutura são caminhos para minimizar perdas.


